TULASĪ DEVĪ - MÃE DA DEVOÇÃO
- lazmistic
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Sua identidade, importância e adoração
Tulasī significa “incomparável”. Ela tem sido adorada a milhares de anos por diversas tradições religiosas em todo mundo e relaciona-se com o aspecto de devoção espiritual da Mãe Divina. Além de sua adoração na tradição védica da Índia, também encontramos referências sobre ela na tradição cristã oriental. Os cristãos falam do florescimento do manjericão sagrado no local onde Jesus foi crucificado [http://www.indiadivine.org/the-legends-of-tulasi-in-christianity/].
Tulasī também é conhecida como Vṛndā-devī. Ela é uma expansão de Śrīmatī Rādhāraṇi que reside em Goloka Vrndavana (Vraja), sendo responsável por organizar os mínimos detalhes dos passatempos de Śrī Kṛṣṇa. Ela planeja tudo, desde as roupas a serem utilizadas, até as flores que desabrocham nos bosques, quando Śrī Kṛṣṇa passeia pelas trilhas e exibe seus transcendentais passatempos silvestres. Para coordenar os passatempos de Śrī Kṛṣṇa, Vṛndā-devī, entre outras coisas, utiliza-se de seus papagaios que sobrevoam toda a área de Vraja lhe relatando tudo o que lá acontece.
Após a dança rasa, Śrī Kṛṣṇa não queria deixar Śrīmatī Rādhāraṇī e voltar para sua casa na manhã seguinte. Então, Vṛndā-devī fez com que seus papagaios imitassem a voz de Mãe Yaśodā chamando e procurando por Śrī Kṛṣṇa, fazendo com que tanto Śrī Kṛṣṇa como Śrīmatī Rādhā fossem correndo para suas casas e fingissem ter estado e dormido lá toda a noite. Dessa forma, Vṛndā-devī é a contrarregra dos passatempos eternos do Casal Divino, Nossa Senhora Śrī Rādhā e Nosso Senhor Śrī Kṛṣṇa.
Essa é a realidade eterna de Vṛndā-devī no mundo espiritual (tanto não manifesto como manifesto). Vamos descrever agora o passatempo de sua manifestação no mundo material, para o benefício das almas condicionadas. Pois, ao fazê-lo ela pôde prover e facilitar a nossa relação espiritual com Śrī Śrī Rādhā e Kṛṣṇa, nos inculcando a devoção e possibilitando as condições e atmosferas propícias ao serviço devocional (bhakti).
Conta-se, no Brahma-vaivarta-Purana, que um dia surgiu um conflito no mundo espiritual. Nessa ocasião Vṛndā-devī pareceu estar tendo muita intimidade com Śrī Kṛṣṇa e Śrī Rādhā ficou brava e amaldiçoou-a a cair no mundo material [essa história pode parece incongruente do ponto de vista do bhava ou humor todo-compassivo de Rādhā e Kṛṣṇa em Vraja, Mas deve-se considerar esta līlā inconcebível dEles como a manifestação da atmosfera de Vraja nesse mundo, para o nosso benefício].
Vindo ao mundo material Vṛndā-devī devotou-se unicamente a um objetivo: ter Kṛṣṇa como seu esposo. Ela começou a praticar austeridades severas com a ideia de que poderia ser abençoada e ter seu desejo satisfeito.
Tulasī, desta forma, foi para os Himalaias onde permaneceu por 10.000 anos. Nos primeiros 3.000 anos ela apenas se alimentou de frutas e folhas. Nos próximos 2.000 anos só comeu o que caia por perto dele. A seguir, por 4.000 anos somente bebeu água. Então, por 1.000 anos somente viveu de ar. Apos esses 10.000 anos, o Senhor Brahmā, o criador do presente Universo, se manifestou para ela e indagou sobre o que desejava.
Ela respondeu a Brahmā que a única benção desejada era ter o Senhor Kṛṣṇa (em sua forma de Nārāyāṇa/Viṣṇu) como esposo. Entretanto, isso Brahmā não pode conceder de imediato. Mas somente sob a condição dela primeiramente se casar com o Rei Śaṅkacuda, que não era outro senão Sudama, um dos pastorinhos de vacas amigos de Kṛṣṇa em Goloka Vrndavana, que também havia sido amaldiçoado por Śrīmati Rādhārani para vir para o mundo material.
Śaṅkacuda teve de atuar como um demônio e dificilmente poderia ser morto, pois havia recebido do Senhor Brahmā um amuleto de Kṛṣṇa, o sarva-mandala-maya que o protegeria enquanto sua esposa se mantivesse fiel a ele e ele possuísse o amuleto. Dessa forma Śaṅkacuda torna-se muito poderoso e conquista todos os mundos dos deuses (devas) que reclamam ao Senhor Viṣṇu de seus atos.
Portanto, para cumpri a sua função de manter a ordem cósmica, o Senhor Viṣṇu se disfarça de um brahmana e pede em caridade o amuleto de Śaṅkacuda, que o concede de bom grato. Então Viṣṇu se transforma na forma de Śaṅkacuda e vai ter com Tulasī que dessa maneira perde a sua castidade sem o saber. Aproveitando isso, o Senhor Śiva mata Śaṅkacuda com seu tridente e joga seus ossos no oceano, que então se transformam em conchas (śaṅka). Sudama, então liberto, volta para Goloka Vrndavana.
Tulasī deixa seu corpo, que se transforma no Rio Gandaki (no Nepal) e os fios de seu cabelo se transformam nas plantas Tulasī (Ocimum sanctum ou Ocimum tenuiflorum). Devido a ter sido enganada e roubada de sua castidade, Tulasī amaldiçoa o Senhor Viṣṇu a se transformar em pedras no leito do Rio Gandaki, perto da montanha Anapurna. Essas pedras se fragmentaram da montanha e se depositaram no leito do rio. Por isso, os vaiṣṇavas consideram essas pedras – denominadas Śalagrama śilas – como sendo o Próprio Senhor Viṣṇu. Os Śalagrama śilas e todas as forma de Viṣṇu e Kṛṣṇa são adoradas sempre com ofertas de folhas de Tulasī.
Para conhecer mais detalhes sobre as histórias de Tulasī, bem como sobre sua adoração e cuidado, acesse o endereço abaixo e baixe o MANUAL DE ADORAÇÃO A TULASI:
"Tulasi, a amada de Krishna"
Mais informações podem também ser encontradas na postagem (em inglês):
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